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Obesidade infantil: UM DESAFIO PARA A SAÚDE PÚBLICA

no PARANÁ, 32,7% DAS CRIANÇAS ENTRE 5 E 10 ANOS SÃO CONSIDERADAS OBESAS

A obesidade infantil é uma disfunção caracterizada pelo excesso de peso entre bebês e crianças com até 12 anos de idade, compreendendo questões complexas que acarretam em diversos problemas de saúde e até no desenvolvimento social e psicológico. Condições que podem acompanhar a criança até a sua vida adulta.

 

De acordo com os últimos dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)1 do Ministério da Saúde , no ano de 2016, ao menos 7,8% das crianças no estado do Paraná, entre 0 e 4 anos, se encontravam em situação de excesso de peso. Enquanto que no caso das crianças com idade entre cinco a dez anos o número chegava a 32,7% , entre obesos e com obesidade grave no estado. Um problema que desafia famílias e especialistas não só do Paraná, mas sim do mundo todo.

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O endocrinologista pediátrico, Mauro Scharf, acredita que o aumento gradual da obesidade infantil no Brasil e em muitos países em desenvolvimento, possui diversas motivações tanto educacionais quanto culturais. “O baixo nível educacional e cultural, o aumento de oferta a alimentação não saudável, ricos em “calorias vazias”, somado a diminuição da atividade física pelas crianças, influenciam no aumento do excesso de peso na infância. Antigamente a maior parte das crianças gastavam horas do seus dias brincando com outras crianças, ao ar livre. Nos dias de hoje, ficam geralmente confinadas em casa, usando eletrônicos, games e celulares.”

Sobre
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Para Scharf, a obesidade é uma doença multifatorial que necessita da combinação de fatores predisponentes genéticos, somados aos fatores ambientais. Uma condição que atinge meninas e meninos, e muitas vezes negligenciada pela própria família. “A maioria das famílias se diz preocupada com a qualidade da alimentação dos seus filhos. Porém, grande parcela delas demonstram essa preocupação apenas no discurso. Continuando a  oferecer aos seus filhos uma alimentação nada saudável , hipercalórica e inadequada”, explica.

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A nutricionista especializada em obesidade, emagrecimento e nutrição infantil, Larissa Macedo, conta que os casos de obesidade infantil fazem parte do a dia a dia dos profissionais da área. Entre 8 e 12 anos, a maioria das crianças vão acompanhada de suas famílias que buscam um tratamento para seus filhos, a partir de uma reeducação alimentar e de rotina. Em sua opinião, a mudança de hábito precisa partir da própria família, por meio da compra de alimentos menos industrializados, preparo de alimentos em casa, e consumo diário de alimentos mais naturais. “Costumo dizer que o universo ideal  da nutrição é criar hábitos saudáveis desde sempre e para sempre. Assim, fast foods, frituras, bebidas açucaradas devem ser exceção. Já a alimentação saudável e equilibrada deve ser a regra”, explica. 

O que a saúde pública está fazendo?

  Em casos de obesidade infantil o acompanhamento é realizado pelas unidades de saúde dos municípios. Além disso, em cidades que existem o Núcleo de Apoio de Saúde à Família (NASF), é possível um acompanhamento primário com essas crianças, contando com o apoio de educadores físicos, psicólogas, nutricionistas e outros profissionais da saúde.

  O Ministério Público também criou o programa Saúde na Escola que consiste no acompanhamento do IMC das crianças e que auxilia na construção do cardápio nutricional nas escolas, incentivo ao exercício físico e interferência comportamental.

o acompanhamento da família é essencial no tratamento ​

“Mãe, meu sonho é ser magro. Quero emagrecer”. Essa foi a frase que a ex educadora física, Mariana*, teve que escutar do seu filho João*, há um ano, antes de iniciar o processo de reeducação alimentar. Para ela, esse momento significou o ponto de partida de um processo contínuo e árduo de mudança na vida do Miguel e da sua família inteira. 

 

De acordo com Ana, os problemas alimentares de Miguel apareceram desde cedo. Comia impulsivamente, passava muitas horas em casa assistindo televisão, e até chegava a esconder comida dentro da roupa. “ Do ano passado para cá, ele apareceu com dez quilos a mais. Foi quando me assustei e decidi de verdade, que algo precisava ser feito. Notei que aquilo não se resumia apenas a gula.” 

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A ex educadora física explica que a etapa voltada para a mudança de hábitos alimentares, não só da criança, mas de toda a família, e a inserção de exercícios físicos  na rotina é uma das tarefas mais primordiais nessa mudança, e que sem a ajuda intensa da família ao lado da criança, nada seria possível. “É um processo muito complicado e contínuo, mas que deve ser feito quando a criança ainda é nova, porque depois se torna ainda mais difícil quebrar o ciclo. O apoio de toda família é fundamental para ajudar a tornar o futuro da criança em algo melhor.”

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Por sua vez, Maria de Figueiredo, coordenadora  Grupo de Atendimento Psicológico a Crianças com Obesidade Infantil, em Curitiba, acredita que dar autonomia para a criança ou jovem, também é de grande importância  no tratamento contra a obesidade.

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Coordenadora do Gapinho - Maria Figueiredo

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convivendo com a obesidade na infância

Segundo a psicóloga especialista em Terapia Comportamental, Mayara Nunes,  em todos os casos  envolvendo crianças com problemas de excesso de peso, a família é fundamental em todo o processo, principalmente porque isso pode afetar a criança em sua vida adulta.  “Quem vai ao mercado comprar os alimentos, não é a criança.Na infância quem são os responsáveis são os pais. Então, se essa criança que cresce sem hábitos alimentares bem definidos,  acaba sofrendo  no futuro com uma cobrança que exige um autocontrole e uma postura de adulto que até então ela não tinha aprendido nem com a própria família", explica.

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Nesse contexto, a estudante Beatriz* conta um pouco a respeito de como foi ter que conviver com o excesso de peso na infância, e como a busca pelo emagrecimento afetou em sua vida adulta.

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Áudio 1 - Beatriz

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áudio 2 - Beatriz

00:00 / 00:47

*Todos os nomes dos personagens citados nesta reportagem foram alterados  para o resguardo de suas imagens

Informações do Gapinho - Grupo de Atendimento Psicológico a Crianças com Obesidade Infantil

  •  Atendimentos iniciados em maio

  • Quando: quinzenalmente, às sextas-feiras, das 14h às 15h30

  • Onde: Sala d Grupos do Serviço - Escola PsicoFAE - Rua 24 de maio, 135 - Centro, Curitiba/PR

  • Mais informações: (41) 2105 - 4826/ 2105- 4815  ou pelo email psicofae@fae.edu

  • Serviço Gratuito

Pauta: Paula Araujo

​Repórteres: Luana Perdoncini e Leonardo Cordasso
Texto: Marina Lopes

Layout/infográficos: Mariana Meyer
Áudio: Luana Perdocini

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